segunda-feira, 24 de março de 2014

TRIBUNAL DE CONTAS NEGA PEDIDO PARA OBRIGAR PIRATINI DIVULGAR NOMES E SALÁRIOS



ZERO HORA 24/03/2014 | 19h32


TCE nega pedido para obrigar Palácio Piratini a divulgar nomes e salários. Para relator do processo, embora STF reconheça ser viável a divulgação nominal, não há nenhuma decisão que obrigue a aplicação da medida em nível estadual


Juliana Bublitz


O Tribunal de Contas do Estado (TCE) negou o pedido do procurador-geral doMinistério Público de Contas (MP de Contas), Geraldo da Camino, para que determinasse a publicação dos salários nominais dos servidores públicos estaduais. Com isso, o Palácio Piratini continuará omitindo a lista dos nomes de seus funcionários com suas respectivas remunerações.

Desde que a Lei de Acesso à Informação entrou em vigor, em maio de 2012, a medida foi adotada pelos principais órgãos públicos do Rio Grande do Sul, incluindo Tribunal de Justiça, Assembleia, Ministério Público, MP de Contas e o próprio TCE. Todos eles passaram a disponibilizar os dados sem restrições.

Em âmbito nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) — Corte máxima do país — também adotou a iniciativa, assim como a União.

A posição do Executivo estadual de não revelar os nomes levou o MP de Contas a encaminhar uma representação ao TCE no dia 26 de dezembro, exigindo a publicação imediata. O pedido, assinado por Da Camino, foi negado pelo relator do processo, conselheiro Algir Lorenzon, em janeiro. Da Camino recorreu.

Para o procurador, a não divulgação "obstaculiza o exercício do controle social na busca de informações sobre as atividades governamentais e a ação fiscalizatória sobre o adequado emprego das verbas públicas". O argumento não convenceu Lorenzon.

Na sessão de 19 de março, o relator voltou a negar o pedido de Da Camino. Em seu voto, reconheceu que STF considera "viável a publicação nominal", mas destacou a inexistência de decisões que indiquem a obrigatoriedade da medida. Lorenzon também ressaltou a inexistência de qualquer disposição constitucional nesse sentido. O voto do relator foi acompanhado por unanimidade no pleno.

Da Camino não quis comentar o resultado. Limitou-se a informar que estuda a possibilidade de entrar com um novo recurso.

Desde que a nova regra entrou em vigor, o governador Tarso Genro entende que a medida fere a privacidade dos servidores e, por conta disso, vem preservando seus nomes. Hoje, ao acessar o portal do Estado, é possível consultar os vencimentos por cargo. Os nomes aparecem em uma lista separada. Por conta disso, não é possível saber quanto, especificamente, ganha cada funcionário.

O que diz a lei

A Lei de Acesso à Informação (nº 12.527 de 18 de novembro de 2011) diz ser dever dos órgãos públicos "promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso (...) de informações de interesse coletivo ou geral", incluindo os registros de "quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros".

Ou seja, especificamente, a regra não menciona a obrigatoriedade da divulgação dos salários nominais e abre brecha a interpretações distintas.

Entretanto, órgãos como o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram adotar a divulgação irrestrita da folha de pagamento, inclusive com os nomes dos servidores, para dar total transparência ao tema.

10/08/2012 | 14h26

Governo do Estado divulga salários de servidores, mas em formato fechado e sem nomes. Dados estão separados em mais de 50 relações, em formato PDF, que impede cruzamentos


Juliana Bublitz


O Palácio Piratini acaba de divulgar as listas com cargos e salários, incluindo vantagens pessoais e eventuais, no site da Secretaria Estadual da Fazenda.

Apesar disso, os dados estão separados em mais de 50 relações, em formato PDF, que impede o usuário de fazer rankings e cruzamentos, e sem os nomes dos funcionários ou números de matrícula.

Conforme a subchefe de Ética, Controle Público e Transparência, Juliana Foernges, da Casa Civil, a intenção do governo é iniciar a conversão do material em dados abertos a partir da próxima semana.

_ Não é falta de vontade. Fizemos o que foi possível no prazo que recebemos. Agora vamos começar a trabalhar para aprimorar o sistema. Sabemos que não está no formato ideal _ afirma Juliana.

Ao todo, segundo ela, os vencimentos de cerca de 130 mil servidores já estão no site. Ainda não entraram os dados do IPE, do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), da Secretaria de Portos e Hidrovias (SPH) e da Superintendência de Portos de Rio Grande (Suprag).



BLOG LIVRE ACESSO JULIANA BUBLITZ -  10 de agosto de 2012



Formato fechado dificulta acesso a salários do Piratini


O Palácio Piratini finalmente divulgou a lista de salários de seus servidores, incluindo vantagens pessoais e eventuais, conforme o prometido. Mas quem quiser saber de fato quais são os maiores vencimentos do Estado, terá dificuldades.

O formato escolhido pelo Executivo gaúcho foi o PDF, que não permite a a comparação de valores e os cruzamentos. Por enquanto, só é possível abrir os arquivos e analisar um por um. Estão todos separados em mais de 50 listas, divididas por “administração direta” e “autarquias e fundações”.

A saída é abrir as relações uma por uma e exportar os dados para um programa que permita o manuseio, como o Excel. Mas, para o cidadão comum, que nem sempre conhece as manhas da informática, a tarefa é complicada. E exige algumas horas em frente ao computador.

Além disso, ao analisar os documentos, não se sabe quem são os detentores dos salários, apenas os seus cargos. Os números de matrículas também não foram revelados.

Vale lembrar que, embora a Lei de Acesso à Informação não exija, textualmente, a publicação dos nomes, ela exige que os dados a respeito de gastos públicos sejam divulgados de forma direta, clara e facilitada.

Conhecedora da lei, a subchefe de Ética, Controle Público e Transparência, Juliana Foernges, da Casa Civil, admite que o sistema tem deficiências, mas diz que fez o que foi possível, no prazo estabelecido.

Ela garante que os dados começarão a ser convertidos para o formato aberto na próxima semana. O problema é que esse formato, para o cidadão comum, também pode gerar dificuldades;

O ideal seria criar, também, um único sistema de consulta que permitisse ao usuário fazer pesquisas, cruzamentos e rankings. Juliana diz que estuda a possibilidade. Seguiremos acompanhando.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O que esperar de Poderes e Controles que não cumprem a lei e nem suas obrigações de fazer cumprir estas leis? Quando o apadrinhamento, a conivência, as salvaguardas e as medidas protetivas começam a funcionar para esconder dados de quem está no poder pagos com dinheiro público e para impedir que a lei seja cumprida e aplicada, é porque o sistema de freios e contrapesos da República quebrou e as leis, mesmo que existam, é como se não existissem. Não é a toa o descrédito nos poderes e nos tribunais de contas, na ética política e no respeito às leis que tentam zelar o erário público.


quarta-feira, 12 de março de 2014

MINISTÉRIO PÚBLICO REVELA MAPA SOCIAL DOS MUNICÍPIOS

ZERO HORA 12 de março de 2014 | N° 17730

MAPA SOCIAL


MP lança site com dados de municípios do RS



A partir de bancos de dados oficiais – como o do Tribunal de Contas do Estado e o do Detran –, o Ministério Público Estadual (MP) criou um mapa social que reúne informações de todos os municípios do RS nos quesitos educação, saúde e segurança. O objetivo é dar a gestores públicos, a promotores e a cidadãos uma ferramenta que permita enxergar e debater informações em uma linguagem única e de fácil compreensão.

Segundo o MP, todas as informações são dados oficiais disponíveis em diferentes sites na internet. A novidade está no tipo de cruzamento feito e nos itens prontos que são entregues para consulta.

É possível analisar, por exemplo, os municípios que mais investem em saúde e educação, os que menos investem, em qual lugar do ranking está cada cidade, qual o valor investido por habitante, melhores e piores escolas nos anos iniciais e finais, quantidade de habitantes por leito hospitalar e por médico, que percentual da população está coberto por equipes de saúde da família e a quantidade e evolução de crimes violentos.

– O trabalho não é para expor gestores ou cidades. Muitas vezes, o promotor diz uma coisa, o prefeito, outra, e surgem dados que não se conversam. É uma ferramenta para todos nós, em busca de melhorias nestas áreas. E é para o cidadão fiscalizar. Um pai pode querer entender por que a escola do filho tem desempenho abaixo de 2, enquanto outra está acima de 7. É para entender e melhorar – diz o procurador-geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga.


COMO CONSULTAR

- Entre no site www.mprs.mp.br e clique no ícone “Mapa Social”.

- Basta escolher um município e clicar novamente no termo “mapa social”, que vai aparecer abaixo do nome da cidade.



PORTAL DO MPERS - 11/03/2014 - Institucional

MP disponibiliza ferramenta com informações sobre investimentos públicos

Paulo Guilherme Alves


Procurador-Geral de Justiça apresentou Mapa Social aos jornalistas

O Procurador-Geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga, apresentou nesta terça-feira, 11 de março, aos jornalistas reunidos na sede do MPRS, em Porto Alegre, uma ferramenta desenvolvida pela Instituição que reúne indicadores de órgãos públicos e tem como objetivo oferecer diversas perspectivas de análise da situação dos municípios gaúchos. A ferramenta já batizada de Mapa Social, traz, nesta primeira etapa, informações das áreas da Educação, Saúde e Segurança Pública.

“Ao disponibilizar este produto na internet, queremos estimular a participação do cidadão no controle dos investimentos públicos em áreas que, historicamente, apresentam problemas estruturais”, disse o Procurador-Geral de Justiça. Segundo ele, o Mapa Social foi desenvolvido, inicialmente, para qualificar a atuação dos Promotores de Justiça nas comarcas, reunindo informações e buscando criar uma linguagem única para análise dos investimentos e leitura de indicadores sociais. Porém, durante o processo de desenvolvimento, o produto mostrou que poderia servir também como um indutor de cidadania, revelou o PGJ. “Nenhuma instituição ou governo é capaz de, sozinha, resolver problemas crônicos como os da área da Educação, por exemplo, se não houver a participação da sociedade, se as pessoas não se apropriarem dos seus direitos e deveres como cidadãos”, complementou a Coordenadora do Gabinete de Articulação e Gestão Integrada, Ana Cristina Petrucci, responsável pelo projeto, ao explicar porque o MP resolveu disponibilizar o Mapa Social para consulta na internet.

Todas as informações utilizadas no Mapa Social são oficiais e públicas, disponibilizadas por órgãos de controle e execução de políticas públicas, como, por exemplo, Tribunal de Contas, Ministérios da Educação e Saúde, Secretarias de Estado e Prefeituras. “A ferramenta utiliza dados abertos disponibilizados por órgãos públicos, que podem ser consultados por qualquer pessoa em outros sites, o que nós fizemos foi agregar estes dados em um único local, facilitando a navegação e compreensão das informações”, disse a Promotora Ana Petrucci.

O Promotor de Justiça, Alexandre Saltz, também acompanhou a apresentação do Mapa Social que pode ser acessado no site do MPRS: http://www.mprs.mp.br/mapa_social/busca.


MAPA SOCIAL 

Apresentação

A democracia brasileira torna-se mais forte quando conta com a participação efetiva da sociedade e com a atuação pró-ativa de instituições públicas. Com fulcro nestes fundamentos o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul desenvolveu o “Mapa Social”, que reúne indicadores oficiais de vários órgãos públicos e que tem como objetivo oferecer diversas perspectivas de análise quanto à situação dos municípios gaúchos, ora considerados individualmente, ora inseridos no contexto estadual ou nacional.

Mais do que uma ferramenta para nortear a atuação judicial e extrajudicial dos Promotores de Justiça, pretende-se, em última análise, oferecer ao cidadão a oportunidade de assumir o papel de protagonista na transformação da realidade social.

Em constante aprimoramento, o “Mapa Social” apresenta, inicialmente, informações referentes à educação, saúde e segurança pública. Para acessar as informações basta selecionar o município desejado:

quarta-feira, 5 de março de 2014

MAIS TRANSPARÊNCIA




ZERO HORA 05 de março de 2014 | N° 17723

EDITORIAIS


Recebida com reservas principalmente entre corporações mais influentes de servidores, a Lei de Acesso à Informação, sancionada em 2011 pela presidente Dilma Rousseff, começa a entrar num clima de normalidade. Levantamento divulgado ontem por Zero Hora mostra que, na Capital e nas cinco cidades mais populosas do Estado, os munícipes já dispõem de acesso simplificado a informações essenciais sobre o uso de verbas orçamentárias, incluindo as destinadas a pagamento com pessoal. Em todos eles, o nível das informações poderia ser melhor, mas o que já está disponível se constitui num avanço inegável sob o ponto de vista da transparência da gestão pública.

Um aspecto importante é que nenhum servidor, pelo que se sabe, foi prejudicado, assaltado ou sequestrado por ter seus vencimentos divulgados. Nem houve exposição demasiada, pois até o interesse da imprensa pelo assunto diminuiu. O que importa é o contribuinte saber quanto e para quem está pagando por serviços públicos que sustenta com seus tributos. Simples assim.

Por isso, é importante que esses mesmos municípios possam aperfeiçoar gradativamente sua prestação de contas com as comunidades. A disposição de fazer com que a lei seja cumprida precisa também estimular outras prefeituras e o próprio governo do Estado a deixarem resistências de lado, facilitando o processo de acompanhamento por parte dos contribuintes.

A Lei de Acesso à Informação é apenas um instrumento para estimular e respaldar essas ações. O essencial, a partir daí, é que a mudança de cultura na gestão pública venha para ficar.

terça-feira, 4 de março de 2014

DIVULGAÇÃO DE SALÁRIOS AVANÇA



ZERO HORA 04 de março de 2014 | N° 17722


JULIANA BUBLITZ


TRANSPARÊNCIA. Entre os municípios mais populosos, Canoas, Pelotas e Santa Maria passaram a publicar nomes de servidores e vencimentos


A divulgação dos nomes e salários de servidores públicos – uma medida prevista pela Lei de Acesso à Informação – está deixando de ser um tabu no RS. Entre a Capital e os cinco municípios mais populosos, quatro já publicam sem restrições a folha de pagamento com a identificação de seus funcionários.

Zero Hora acompanha os portais das prefeituras de Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Canoas, Santa Maria e Gravataí – cidades que, juntas, somam mais de 3 milhões de habitantes – desde 2012, quando entrou em vigor a nova legislação.

À época, somente a Capital publicava os contracheques com os respectivos nomes. Por determinação do prefeito José Fortunati, a cidade foi uma das primeiras a dar visibilidade aos dados. Servidores insatisfeitos tentaram barrar a iniciativa na Justiça, mas não conseguiram.

De lá para cá, os outros sites avaliados também avançaram. Canoas, Pelotas e Santa Maria passaram a adotar a medida de forma integral. O acesso não exige mais do que três cliques, é integrado e os valores estão detalhados. Qualquer pessoa pode consultar.

Sancionada em 2011 pela presidente Dilma Rousseff, a Lei de Acesso à Informação diz ser dever dos órgãos públicos “promover a divulgação em local de fácil acesso (...) de informações de interesse coletivo ou geral”, incluindo os registros de “quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros”.

No entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), isso inclui a divulgação da folha de pagamento com os nomes dos servidores.


Sites de Caxias e Gravataí não identificam servidores


Nos casos de Caxias do Sul e Gravataí, ainda há limitações na divulgação dos salários com a identificação do beneficiado. Em Caxias, os vencimentos estão disponíveis, mas a prefeitura optou por preservar as identidades dos servidores de carreira. Apenas os nomes dos ocupantes de cargos de confiança (CCs) estão liberados.

– A Procuradoria-Geral do Município entendeu que os servidores efetivos não deveriam ser expostos por uma questão de privacidade. Quanto aos CCs, era um desejo do prefeito Alceu Barbosa Velho oportunizar essas informações, e eles autorizaram a publicação – diz o chefe de gabinete do prefeito, Manoel Marrachinho.

A situação mais complicada é a de Gravataí. Embora o portal tenha melhorado, a administração continua sem informar quanto paga para cada funcionário, nem sequer os valores básicos. Só disponibiliza as despesas gerais com pessoal e encargos sociais.

Na esfera estadual, governo Tarso descumpre a medida

O secretário-geral de Governo, Luiz Zaffalon, promete uma solução até a primeira quinzena de março:

– Reformulamos o site e, aos poucos, estamos avançando. A folha será publicada. A princípio, não pretendíamos incluir os nomes, mas isso ainda poderá ser rediscutido.

Em âmbito estadual, embora a transparência nos salários já seja comum nos principais órgãos – incluindo os poderes Legislativo e Judiciário –, o Palácio Piratini segue resistente.

A posição levou o Ministério Público de Contas (MP de Contas) a encaminhar uma representação ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), em dezembro, exigindo a publicação imediata dos salários junto com os nomes.

O pedido de liminar foi negado pelo relator do processo no TCE, conselheiro Algir Lorenzon, e, em janeiro, o MP de Contas recorreu. Não há prazo para uma definição. O MP de Contas alega que o governo Tarso Genro está descumprindo uma decisão do STF. Já o governador entende que a medida fere a privacidade dos servidores.