sexta-feira, 19 de abril de 2013

RESULTADOS INVISÍVEIS

ZERO HORA 19 de abril de 2013 | N° 17407

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA


Obtida pelo repórter Álvaro Andrade, da Rádio Gaúcha, a partir de um pedido feito com base na Lei de Acesso à Informação, a pesquisa encomendada pelo governo Tarso Genro ao instituto Foco Opinião chegou inexplicavelmente desfalcada de uma parte dos resultados. A secretária de Comunicação, Vera Spolidoro, culpou o instituto pela não divulgação da comparação com o governo de Yeda Crusius e das respostas à pergunta Você acredita que o jornal Zero Hora faz uma cobertura imparcial dos assuntos do governo estadual?.

Pouco antes de a secretária dar essa explicação à Rádio Gaúcha, a repórter Cleidi Pereira conversou por telefone com a diretora de Projetos da Foco, Cleisimara Salvador, e recebeu dela os números relativos às duas perguntas. Em relação a ZH, 64% responderam que consideram imparcial a cobertura dos assuntos do governo do Estado e 36% disseram que não. Cleisimara também forneceu os dados sobre a comparação com o governo Yeda. Cleisimara esclareceu que mandou a pesquisa completa para o Piratini em Word, mas, por erro dela, essas questões não constaram do relatório sintético com gráficos e tabelas.

E por que o governo quis saber especificamente a opinião dos gaúchos sobre ZH e não sobre os outros jornais, rádios e emissoras de TV? Fala a secretária Vera Spolidoro:

– Porque o jornal ZH é apontado como o mais lido. Nós levantamos os hábitos de leitura da população. Verificamos que a maioria utiliza a TV como meio mais importante para se informar sobre o governo. Nos jornais, o índice é de 27,2% e, desses jornais, o mais lido é a ZH (52,9%, segundo a pesquisa). Por isso, perguntamos só com relação a ZH.

O governo tinha tanta certeza de que ZH apareceria como o jornal mais lido, que incluiu a pergunta no questionário original. Os pesquisadores foram orientados a perguntar a quem respondesse que se informa por jornal a opinião sobre ZH.

– Temos uma preocupação desde o início do nosso governo de democratizar a comunicação. Nossa política inclui a imparcialidade. Não é uma pergunta ineficaz, tem um sentido – acrescentou Vera, para explicar a pergunta sobre a imparcialidade de ZH.

A pesquisa constatou que 30,2% dos entrevistados disseram que se informam por jornal, 24,6% por rádio e 29,7% pela internet. A primeira é a Rádio Gaúcha, com 13,8%, seguida da Farroupilha, com 4,4%. Dos 79% que disseram se informar pela TV, 68,2% indicaram a RBS TV como a emissora de preferência. Em relação às revistas, citadas como fonte de informação por apenas 3,5% dos entrevistados, a ordem de preferência é: Veja (56%), Época (36%), Carta Capital (32%), IstoÉ (28%), Nova, Marie Claire e Claudia (12%), Caras e Quem (10%).

Na parte relativa à imprensa, alguns dados são, no mínimo, questionáveis. Os jornais mais lidos são: Zero Hora (52,9%), regionais em geral (33,9%), Correio do Povo (24,6%), A Tribuna (20,2%) e Metro (18,8%). Não há explicação para A Tribuna (de Santo Ângelo) ficar à frente do Diário Gaúcho, que, pelo IVC, é o segundo jornal de maior circulação no Estado, do NH, do Pioneiro, de Caxias do Sul, do Diário de Santa Maria, do Diário Popular, de Pelotas, da Gazeta do Sul, de Santa Cruz, e do Diário da Manhã, de Passo Fundo.


Comparação com Yeda

Embora o governo não tenha divulgado a parte da pesquisa que mostra as respostas dos eleitores à pergunta que compara os governos de Tarso Genro e Yeda Crusius, Zero Hora obteve os resultados em telefonema para o Instituto Foco.

São os seguintes:

48% acham o governo Tarso melhor do que o de Yeda;

9% responderam que é igual para melhor;

24% disseram que os dois são iguais;

5% avaliaram que a gestão de Tarso é igual para pior;

8% afirmaram que é pior;

6 % não souberam responder.

O resultado é bom ou ruim para o governo? Na avaliação geral, o governo vai bem. Na comparação com Yeda, os petistas esperavam que estivesse melhor.


ALIÁS

A oposição transformou a pesquisa encomendada pelo Piratini num bicho de sete cabeças, esquecendo que todos os governos contratam esses levantamentos. A diferença é que nos governos anteriores não existia a Lei de Acesso à Informação para tornar públicos os resultados e os valores gastos.

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